terça-feira, 2 de julho de 2013

Minuto de arte: A Fé e o Amor

Minuto de arte: Espaço para os caminhantes dessa vida apresentarem nos encontros da estação BH suas criações, poemas, textos, reflexões, músicas, etc.



A Fé e o Amor




(Um Conto Cristão)















A menina jazia na cama, incomunicável, murmurando grunhidos, uma febre que não passava. Sua mãe não sabia que atitude tomar, ja' havia recorrido a todas as portas.



Corria o ano 31 AD, a região de Tiro e Sidom era castigada pela seca, o povo fenício, antes exaltado por sua avançada ciência e pela reconhecido mérito dos avanços na escrita, jazia agora mergulhado na inércia cultural, gerada pela idolatria dominante e por governos corruptos.



A mãe ainda recorda os últimos dias em que sua filhinha ainda se portava

como uma criança normal, que não se cansava de correr e brincar com aquele animalzinho intruso. Viúva já a alguns anos, se esforçava por pelo menos alimentar e vestir sua única filha, mas já não era capaz de expressar seu amor, em pequenos gestos , em ouvir e escutar.



Não foi capaz de perceber que aquele cachorrinho era uma fuga, uma medicina que uma criança encontrava pra tanta falta de atenção. Pro olhar sempre duro e reprovador da mãe, amargada pela falta de esperança e pelo fanatismo de tentar servir e agradar ‘a religião, a ídolos de pedra e barro que ironicamente, não tinham e nem poderiam "ter coração".



Sim, naquele dia fatídico , ela viu tudo mudar, mais uma vez , foi rude, abrupta, e "estourou" com a criança, aos gritos, lhe chamou de inválida, imprestável, e disse

que sumisse com aquele cachorro: ...." Como podes?! " não temos o que comer e trazes um cão para dentro de casa?? suma , desapareça com esse animal!!..."



A criança aos prantos dizia, .."mamãe, não necessitas dar a ele de comer, eu tiro de minha comida..."



...."Louca!!!! pensas que vou tirar de um filho e dar de comer a um cachorro !!!!?? ..."



A criança aos prantos, soluçou... "mas ele pode comer das migalhas que caem de nossa mesa.."



..."Chega!!! não fales mais, suma com esse lixo... fora daqui com ele !!! "



Surtada, a mãe agarrou o animalzinho, jogou-o num saco , amarrou e correu até o rio. A pobre criança mal conseguia entender o ataque de fúria de sua mãe, em meio a lágrimas simplesmente assistiu ‘a cena de uma mulher fora de controle, resmungando e gritando com o saco ‘a mão, levando-o para o rio próximo. Mal conseguia a criança, processar qual fim levaria seu pequeno amigo.







Desde então a estranha febre a acometeu, e parecia estar agora, sempre prostrada, num outro mundo, incomunicável , deitada em sua pequena cama.



A mãe desesperada, nos dias seguintes, recorreu aos ídolos, buscou seus sacerdotes, a palavra foi de morte:

...." a menina tem um espirito maligno, esta e' a vontade de Baal, ela morrera'..."



Sentada `a porta, naquela manhã do dia sagrado de descanso, o sol já nascera e a pobre viúva abatida não se dava conta , a imensa tristeza lhe impedia até mesmo de diferenciar o dia e a noite.





Um velho vizinho se aproximou, trazia alguns pães e um pouco de azeite: ..."amiga, amiga, somente um milagre poderia lhe ajudar, ah se nossos ídolos realmente funcionassem, realmente fizessem algo por nosso povo.. sabe amiga, dizem que ha' um homem de Israel por aqui nesses dias e que os deuses operam milagres por meio dele, mas você sabe , e' um outro povo e cada povo tem o mestre que merece.”



Aquela mulher subitamente elevou sua fronte, tudo o que ela ouviu foi a palavra "milagres". Algo passou a lhe impulsar no espirito, ela precisava de algo mais, buscar o "invisitado".



Pediu ao amigo e sua esposa que cuidassem da filhinha, partiu caminhando , as pernas cansadas e vítimas da idade tentavam desistir, mas seu espirito estava decidido, ela tinha de tinha de encontrar o Fazedor de milagres.





A tarde já findava quando finalmente se aproximou da casa onde Ele estava ,

as indicações e informações respondidas todas diziam que ali estava Ele naquele dia.



Dois homens conversavam na porta, a velha mulher se aproximou : ... " senhores, por favor , lhes imploro, necessito ver o Mestre dos milagres, disseram que se encontra nessa casa"...



Os dois homens ficaram pensativos.. aquela mulher parecia realmente desesperada... mas e esse sotaque estranho? com certeza ela não era da nação de Israel, o mais velho respondeu:



"Senhora, somos discípulos do mestre a quem procuras, seu nome eh Jesus Cristo, e mais do que um mestre, Ele é um messias, mas.. aham... um messias para o povo de Israel.."



A velha viúva sentiu o teor daquelas palavras, mas não importava, mais forte era seu desejo, era conhecer o tal Mestre de amor, que jamais havia negado sua ajuda e a ninguém havia lançado fora.



"Por favor, eu suplico, tenho um caso de vida ou morte, necessito ver o Mestre..."



O mais velho já se propunha a fazê-la desistir e acompanha-la até a saída da vila, mas o mais jovem discípulo já estava decidido, levaria a senhora até o Mestre. Num "atrevimento" santo típico dos jovens, decidiu que não havia mal algum em levar aquela senhora até Ele.



Caminharam até um cômodo amplo, com janelas grandes, ali Jesus estava de pe´, conversando e ensinando a atentos ouvintes.



Ela se aproximou, oprimida, mais pelo peso da dor que pelo peso do cansaço:



".. Mestre,, suplico-lhe, minha filha tem um demônio, e jaz inconsciente numa cama..."



Jesus a mirou com um olhar terno, porem firme, alguns breves segundos se passaram, o silencio desafiava os discípulos ali presentes a adivinhar qual seria a reação do Mestre:





Com serenidade e firmeza, o Mestre lhe respondeu:



...."não é justo tirar o pão dos filhinhos e dar aos cachorrinhos.."



Aquela frase foi como um raio , caindo fulminante em seu coração, a mulher finalmente caía em si, todo o sofrimento, toda a dor provocados pela pura e simples falta de amor.



Numa reação de ímpeto e quase impensada , a mulher retrucou:



".... mas os cachorrinhos podem comer das migalhas que caem da mesa dos filhos..."



Jesus a mirou com amor, um quase imperceptível sorriso nos lábios:



"Oh mulher, grande e' sua fé, vá, a sua filha está curada.."



Quantas vezes nos esquecemos que mais que cumprir rituais, mais que

obedecer leis e dogmas, o que mais anseia Deus é ver em nós o dom

do amor? . Não foi Ele quem disse:..." nisso reconhecerão que vocês são

meus discípulos, se vocês amarem uns aos outros".?





De nada adianta ter a fé de um profeta ou patriarca ,de nada adianta se auto-imolar,



ser um baluarte, até mesmo um pilar em meio a outros de sua fé, de nada adianta ser um alto exemplo de santidade e consagração, mas ao mesmo tempo tratar mal as pessoas, humilhar "servos alheios" , pisar em seu semelhante, colocar a "obra" acima do ser humano ao ponto de quase que se oficializar que "sentimentos" é algo para os fracos, ou algo maligno.



Ainda bem que está escrito que Jesus chorou, que sentiu compaixão tantas vezes,

que se alegrou e exultou e que até mesmo a um jovem rico , que preferiu todas

as suas riquezas ao invés de segui-lo, Ele "amou profundamente".



A fé para um milagre é eficaz quando usada sem sentimentos, como uma ferramenta, isso é comprovado por fatos e inúmeros testemunhos de hoje e do passado. Algo como...Os médicos dizem , você vai morrer, mas ao invés de se entregar ao desespero e ‘a depressão completa (sentimentos), você usa a fé louca de que um Deus que te ama demais vai te curar e você passa a buscar isso. Seja como for, no dia a dia, no relacionar-se com as pessoas, o Amor, o cuidado, o carinho, a afeição, SENTIMENTOS, têm de ser cultivados.





A viúva sírio-fenícia (como muitos de nós nos dias de hoje) tinha o dom da fe', fez uso de sua fe', tirou forcas dela p/ passar p/ barreiras, obstáculos e até mesmo decepções e ofensas por parte daqueles que seguiam a Jesus, em busca de seu milagre , em busca do Mestre Jesus .



Mas faltava a ela o principal, a força maior que traz a felicidade e realização de pessoas, famílias e igrejas. faltava o dom maior, o Amor



Mãe e filha agora começavam de novo, uma nova caminhada de amor e uma nova fé.

Prosperidade, bençãos, três seres debaixo da sombra de um Deus de amor.

Três? ah.. esqueci de dizer , o cachorrinho misteriosamente esperava a velha

viúva na porta quando ela regressou.

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