Quando Jesus ouviu a
pergunta “quem é o meu próximo?” todos devem ter parado por um instante para
ouvir sua resposta. A expectativa pairava no ar...
A quem devemos amar?
De quem devemos ter compaixão? A quem devemos amparar e dar suporte? De que
forma?
Imediatamente ele
apresenta a parábola do Samaritano.
Estava ali,
estabelecida pelo sumo Capelão, a Capelania no Caminho....
Sim, porque a jornada
nos deixa expostos a salteadores de toda sorte. Eles podem estar na forma de um
ladrão que ataca nossos bens ou numa síndrome pós-moderna que nos provoca pânico.
Ou talvez estejam na forma de um casamento desfeito, num sentimento de inadequação
e impotência, ou, quem sabe, no surto de quem se acha maior que os demais.
O fato é que os
salteadores nos rondam no Caminho....e a parábola contada há dois mil anos tem
que estar bem viva em nós hoje.
Mas há idas e vindas,
e no Caminho podemos ser o que ampara ou o que precisa de amparo, o próximo ou
o que se aproxima. Depende do momento, das circunstâncias, das vicissitudes da
vida.
Acho que foi
Nietzsche quem disse: “somos seres de carne, mas tendo de viver como se fôssemos
de ferro”. E muitos, ainda carregando resquícios de uma vida religiosa recente,
pensam que é assim que tem que ser. Acham que não podem pregar o evangelho e
carregar suas incoerências ao mesmo tempo. “É gente que ri, quando deve chorar,
e não vive, apenas agüenta”, como disse Milton.
Mas saibam: no
Caminho da Graça tem que ser diferente.
Baixar nossos escudos
e nos deixar ser alcançados pelo samaritano no Caminho traz de volta o
sentimento de que somos gente. Gente que chora quando deve chorar, que para
quando tem que parar.
O Caio disse uma vez
algo fundamental nesse sentido: “Uma coisa tem me ajudado muito nesses anos. É
a lembrança de que não tenho de ser para ninguém nada além daquilo que Deus
sabe que eu sou. Isto me ajuda a não ter medo de ser gente.”
Se você é a vítima
dos salteadores da vida, saiba que há samaritanos no Caminho que o acolherão em
amor. Eles vão parar, sentar, ouvir o que você tem a dizer. Sim, queremos
acolher, cuidar, e voltar pra ver como estão os que foram atingidos pelas angústias
de nosso tempo.
Mas se você é hoje o
samaritano, faça saber àquele que encontrar caído no caminho que há pousada
para seu corpo, azeite para suas feridas e sustento para sua alma abatida.
“Viu-o e moveu-se de íntima
compaixão...”
Esse “ver” aqui tem a
ver com se importar. É isso, que em suas ações as pessoas percebam que você se
importa.
O homem que fez a
pergunta lá no início já sabia de cor e salteado o que dizia a lei.
No entanto, não basta
saber.
É por isso que, ao
final, Jesus se vira para ele e diz: “vai tu e faze o mesmo.”
Luiz Antero Terror
Luiz Antero Terror