Uma consciência religiosa exercida sob uma possessão de não-mansidão e não-humildade é o que gera sobrecarga e cansaço insuportáveis.
A não-mansidão é aquele ímpeto reacionista que permite o adversário ter controle sobre nós pela via da provocação, que gera na gente uma obrigação de “cair dentro” de forma belicosa e a fim de “dar satisfação” a algum sistema de status e valor qualquer, exterior ao coração.
E a não-humildade é aquela incapacidade de viver de forma permeável à toda sabedoria, todo discernimento, toda luz, toda salvação, toda semente que seja de vida. A não-humildade é a mãe de toda esterilidade.
Daí a sobrecarga e o cansaço opressivo, vicioso, neurótico, extremo e mortal. Afinal de contas, quem suporta viver tendo que reagir a cada “toque” de qualquer um e qualquer coisa em algum ponto de entrada sensorial nosso? E quem aguenta viver fazendo força pra dar fruto, sem nunca ver o fruto do seu penoso trabalho, e enxergando mais e mais, de forma cada vez mais agigantada a absoluta falta de sentido e a vaidade suicida?
O Espírito do Evangelho vem pra trazer grande luz aos que jazem nesse vale da sombra da morte.
Sim, pois o Evangelho nos faz andar no Caminho, olhando pro alvo, sem estarmos abertos a distrações e manipulações das marginais da via. E nos faz também sermos plantados na Videira Verdadeira, para no devido tempo darmos fruto conforme a sua Espécie.
O Evangelho nos faz viver para Deus, e não contra alguém ou alguma coisa.
O Evangelho nos revela que, sem Ele, nada podemos fazer, e o melhor que podemos fazer é “tudo quanto Ele nos disser”. Só assim a Alegria da Vida se renova. Só assim a figueira vaidosa e amaldiçoada abandona as tentativas de se encher de folhas na entre-safra.
O Evangelho nos livra da pior sobrecarga e do pior cansaço. Que não é algo físico, mas espiritual.
“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia”. (2 Coríntios 4:16 ) “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”. (Isaías 40:29-31)
Sim, o Caminho do Evangelho é muito melhor – É Vinho Novo! - e tem um sabor irresistivelmente escolhível para todos os que não se viciaram no vinho velho e não estão rígidos-rígidos e sem elasticidade para acomodação espiritual do vinho vivo. Sim o odre velho não suporta o Vinho Novo.
O Caminho do Evangelho, para os quebrantados, cativos, oprimidos, chorosos, exaustos... é Boa Nova vantajosa! É “muito mais negócio”!
O Evangelho é uma pessoa, e o seu nome é Jesus.
E esse é o convite escrachado que Jesus faz, se candidatando a Mestre de todo aquele que quiser viver sem sobrecarga e cansaço.
Sempre que eu leio o texto abaixo, imagino um tipo de “Horário eleitoral gratuito” de Mestres espirituais. E cada “mestre” que aparece na TV vem com uma fórmula mais penitencial, zelosa e sacrifical do que o outro.
De repente aparece “O Mestre”:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.
Esse termo “jugo” não é somente aquela peça de madeira que se põe em cima de cavalos.
“Jugo” é também o “peso de zelo e minuciosidade religiosa” da doutrina de um Rabi Judaico.
Chega Jesus, diante de todos os Rabis de Israel e da Terra, e diante de todos os oprimidos por estes “Rabis”, e diz sem vergonha alguma:
“Venham ser meus discípulos. Todos vocês que estão cansados e sobrecarregados por eles. Pois eu sou um Rabi que possui um JUGO suave e um fardo leve. Além disso, sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão em mim descanso para vossas almas”.
Seja qual for a tua lida espiritual, o teu “ministério” ou “vocação”, aprenda a vivê-la com Jesus, que é humilde e manso.
Humildade e mansidão são elementos espirituais que nos livram da sobrecarga e do cansaço. Experimente!
Abandone a soberba belicosa e reacionista e renuncie a rigidez que faz ter um coração de pedra para com as sementes do que é bom, do que é Vida.
E veja se uma fonte de águas vivas não jorrarão de dentro de você para a vida eterna! Mesmo que, a semelhança da mulher samaritana – que foi a quem Jesus falou sobre essa fonte e sobre a morte definitiva da sede e do cansaço – você também tenha que fazer esse trajeto da casa ao poço ainda dez milhões de vezes durante a vida.
Em Jesus, entretanto, qualquer caminho jamais é o mesmo, ainda que aos olhos de quem vê de fora, pareça ser.
“Vinde a mim!” - diz ele.
“Dá-me dessa água!” - digo eu.
Amém.
Marcello Cunha
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